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A gravidez é uma das fases mais importantes na vida de uma mulher.

Ao longo de nove meses, a mulher irá experienciar muitas emoções e vivências, carregando um ser completamente dependente dela, certamente influenciado pelas suas escolhas e hábitos alimentares. Caracteriza-se por um estado fisiológico, contudo, um período crítico, no sentido em que surgem adaptações não apenas fisiológicas, mas também metabólicas e nutricionais, que podem influenciar o desenvolvimento fetal, e o estado nutricional do bebé (Procter & Campbell, 2014).

Durante este período, bem como durante a lactação, as necessidades nutricionais aumentam (Rasmussen, et al., 2009) para suportar o crescimento e desenvolvimento fetal e infantil, bem como o metabolismo materno. No entanto, quando se menciona a importância do estado nutricional materno, deve-se considerar o período da gravidez propriamente dito e, igualmente, o período pré-conceção, em que ambos os cuidados a ter em cada um dos períodos, são fundamentais para o sucesso da gravidez e para a vida futura do bebé (DGS, 2015; Picciano, 2003).  As recomendações nutricionais e alimentares devem ser individualizadas e adaptadas para cada mulher. Torna-se assim fundamental, garantir o aporte necessário em energia, vitaminas e minerais, de forma a evitar carências ou deficiências nutricionais que possam desencadear complicações para ambos.

Um padrão alimentar de baixa qualidade, poderá causar um deficiente aporte nutricional, relacionado, muitas vezes, com uma ingestão insuficiente e inadequada de determinados nutrientes. Evidências comprovam que carências provenientes de alguns micronutrientes, como o folato e o ferro (Cantor, et al., 2015; Potdar, et al., 2014), podem comprometer o desenvolvimento pré-natal, casos de prematuridade, risco de baixo peso do bebé aquando do nascimento, mortalidade perinatal e algumas perturbações na formação (Linkages, 2004).

São também vários os mitos e crenças populares, culturalmente enraizadas, que são gerados à volta da alimentação materna, cuja falta de acompanhamento nutricional, pode interferir ou mesmo prejudicar a saúde e nutrição da gestante, bem como o desenvolvimento adequado e saudável do bebé. Algumas destas crenças podem ser benéficas e devem ser mantidas, no entanto, outras, são erradas e devem ser desencorajadas, como por exemplo “a grávida deve comer por dois”.

É igualmente importante, controlar o ganho de peso ao longo dos trimestres da gravidez, através da prática de uma alimentação saudável (Rasmussen, et al., 2009). Geralmente, a partir das 37 semanas (no último trimestre), aproxima-se o nascimento do bebé e a grávida nesta fase, tem a tendência de apresentar um ganho superior de peso. Em situações em que o ganho ultrapasse o recomendado, é aconselhado um acompanhamento mais periódico, com monitorização do aporte calórico e das necessidades nutricionais da grávida (Silva, et al., 2016; Mottola, et al., 2010).

Em suma, o acompanhamento nutricional durante a gravidez tem um papel relevante para que a grávida compreenda as suas necessidades a nível alimentar e retire todas as suas dúvidas. Será elaborado um plano que tenha discriminada uma alimentação adequada e individual, incluindo todos os nutrientes necessários para o seu organismo e para o crescimento e desenvolvimento do feto. Toda esta planificação, requer equilíbrio e exigência na proporção dos diferentes nutrientes incluídos na totalidade da “dieta”, motivo pelo qual, seja determinante que este acompanhamento seja elaborado por nutricionistas ou por profissionais de saúde especializados, nos diferentes trimestres da gravidez.

Não fique com dúvidas ou receios nesta fase tão especial e importante da sua vida, procure um nutricionista que a ajudará ao longo desta jornada!

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Cantor AG, Bougatsos C, Dana T, Blazina I & McDonagh M (2015). Routine Iron Supplementation and Screening for Iron Deficiency Anemia in Pregnancy: A Systematic Review for the U.S. Preventive Services Task Force. Annals of Internal Medicine, 162(8), 566. doi:10.7326/m14-2932. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25820661.

Direção Geral da Saúde (2015). Alimentação e Nutrição na Gravidez. Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. Lisboa. ISBN: 978-972-675-221-9. Disponível em: http://www.alimentacaosaudavel.dgs.pt/activeapp/wp-content/files_mf/1444899925Alimentacaoenutricaonagravidez.pdf.

Linkages (2004). Maternal Nutrition During Pregnancy and Lactation – Dietary Guide. Disponível em: https://coregroup.org/wp-content/uploads/2017/09/Maternal-Nutrition-During-Pregnancy-and-Lactation.pdf.

Mottola MF, et al. (2010). Nutrition and Exercise Prevent Excess Weight Gain in Overweight Pregnant Women. Medicine & Science in Sports & Exercise, 42(2), 265–272. doi:10.1249/mss.0b013e3181b5419a. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20083959.

Picciano MF (2003). Pregnancy and Lactation: Physiological Adjustments, Nutritional Requirements and the Role of Dietary Supplements. The Journal of Nutrition, 133(6), 1997S–2002S.doi:10.1093/jn/133.6.1997s. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12771353.

Potdar RD, et al. (2014). Improving women’s diet quality preconceptionally and during gestation: effects on birth weight and prevalence of low birth weight—a randomized controlled efficacy trial in India (Mumbai Maternal Nutrition Project). The American Journal of Clinical Nutrition, 100(5), 1257–1268. doi:10.3945/ajcn.114.084921. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25332324.

Procter, S. B., & Campbell, C. G. (2014). Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Nutrition and Lifestyle for a Healthy Pregnancy Outcome. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 114(7), 1099–1103. doi:10.1016/j.jand.2014.05.005. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24956993.

Rasmussen KM, Catalano PM, & Yaktine AL (2009). New guidelines for weight gain during pregnancy: what obstetrician/gynecologists should know. Current Opinion in Obstetrics and Gynecology, 21(6), 521–526. doi:10.1097/gco.0b013e328332d24e. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19809317.

Silva AM, et al. (2016). GRAVIDEZ ATIVA – Adaptações Fisiológicas e Biomecânicas durante a Gravidez e o Pós-parto. Escola Superior de Desporto de Rio Maior – Instituto Politécnico de Santarém. ISBN: 978-989-8768-17-9 (edição digital). Disponível em: https://repositorio.ipsantarem.pt/bitstream/10400.15/1649/1/LIVRO-GRAVIDEZ-ATIVA-AFB-2016-e-book%20%28vf%29.pdf.

Wen L, Simpson J, Rissel C, Flood V & Baur L (2010). Dietary behaviours during pregnancy: findings from first-time mothers from southwest Sydney, Australia. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity. 7(1), 13. doi:10.1186/1479-5868-7-13. Disponível em:  https://ijbnpa.biomedcentral.com/articles/10.1186/1479-5868-7-13.