Nos dias de hoje o aleitamento materno é uma temática incontornável quando falamos da maternidade. No entanto, as opiniões dividem-se e temos por vezes muita dificuldade em conseguir aceitar diferentes perspetivas. É importante termos sempre noção de que cada mãe vive a sua experiência de gravidez e maternidade de um modo muito próprio. As alterações físicas e emocionais (tantas hormonas à solta!!!) decorrentes da gravidez e pós-parto são motivo suficiente para que a mulher se questione ela própria das suas convicções.
Está o corpo de todas as mulheres fisicamente preparado para amamentar? Sim, está! Existem leites fortes e fracos? Não!!! Agora a parte importante: estará o psicológico de todas as mulheres preparado para amamentar? Talvez não! E será que temos de impor uma lógica de obrigatoriedade ou de criticismo às mulheres que optam por não amamentar? Será mesmo que temos de forçar e impor uma data de dados estatísticos que mostram indubitavelmente que o leite materno é o melhor para todos?
Efetivamente os benefícios do aleitamento materno para a família são numerosos e pesam muitas vezes na decisão favorável de amamentar – passam por uma nutrição perfeitamente adequada a cada recém-nascido e criança, um incremento importante na sua função imunitária, proteção contra o síndrome de morte súbita do lactente (…); proteção da mãe aumentada no que respeita a hemorragias pós-parto, cancro da mama e ovários; melhoria do vínculo mãe-bebé; alimentação da criança muito menos onerosa – estaríamos aqui um dia inteiro para discutir todos os benefícios! Mas quem melhor para pesar os prós e contras do aleitamento materno e suas vantagens/desvantagens do que a própria família que vai amamentar? Sim, porque apesar de a mãe ser o veículo principal, esta decisão deve sempre ser discutida em casal, conquanto muitas vezes a vertente masculina tem uma posição muito forte relativamente a esta temática e é importante que ambos se sintam confortáveis com a decisão.
Assim, acima de tudo considero importante que o casal que está em posição para decidir relativamente ao aleitamento materno deverá seguir alguns passos importantes:
1º – Reúnam informação (fidedigna!!) relativamente aos benefícios do aleitamento materno (poderá ser nos grupos de preparação para o parto, poderão ler livros, ler o manual de aleitamento materno da UNICEF, disponível em http://www.unicef.pt/docs/manual_aleitamento.pdf)
2º – Disponham e discutam essa informação entre ambos (tal como o fizeram ou farão eventualmente relativamente a que cadeirinha comprar, como decorar o quarto… entre outros assuntos)
3º – Se estão inclinados para o aleitamento materno, falem com famílias que amamentaram com sucesso (isto porque as dificuldades vão ser-vos transmitidas de maneira automática por toda a gente… gostamos muito de partilhar desgraças!)
4º – Procurem conhecer, se possível, a filosofia da maternidade em que vão ter o vosso filho relativamente ao aleitamento materno
5º – Procurem conhecer apoios ao aleitamento materno próximos de vós ainda durante a gravidez,para facilmente acederem no pós-parto (pode ser o próprio hospital onde terão o bebé, o centro de saúde, o local onde realizaram preparação para o parto, sítios da internet…)
6º – Na altura do parto ou do internamento para indução, assim que achem propício, mesmo que não vos seja questionado, exponham à equipa de saúde a vossa decisão (ou indecisão se for o caso) e não hesitem em pedir ajuda!
7º – Acima de tudo… Alimentem o vosso bebé com muito amor e carinho… é esse o veículo principal, seja qual for o alimento em si!
Fonte: Artigo de
Joana Costa
Enfermeira desde 2006
Enfermeira Especialista em saúde materna e obstetrícia desde 2014
Formadora de massagem shantala
Conselheira em Aleitamento materno
Retirado de http://onossot2.com/2015/10/amamentar-direito-dever-ou-obrigatoriedade/
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