Uma alimentação saudável, no geral, suprime todas as necessidades de nutrientes necessárias, no entanto, existem casos em que estas estão aumentadas. A gravidez é um destes casos, e para colmatar estas necessidades é frequente a utilização de suplementação. A suplementação deve ser prescrita pelo médico numa consulta de planeamento familiar para preparar a receção desta nova vida.

Os suplementos mais utilizados são o ferro, o ácido fólico e, mais recentemente, o iodo, sendo que a utilização de qualquer um dos suplementos está sempre dependente de cada caso em particular podendo existir necessidade de outras suplementações. Mas então, porque são tão importantes estes suplementos?

 

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Ferro

O Ferro é reconhecido como um nutriente essencial e está presente no corpo humano na hemoglobina, na mioglobina e em enzimas. É caracterizado como ferro funcional podendo estar ainda armazenado na forma de ferritina e transferina. Este nutriente participa em inúmeros processos enzimáticos, na formação da hemoglobina do sangue, na respiração celular e no desenvolvimento nervoso fetal, para além ter relevante importância no metabolismo energético.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 41,8% das grávidas em todo o mundo sejam anémicas, considerando-se que metade daquelas situações advenham de uma deficiência de ferro. Durante a gravidez, as necessidades de ferro aumentam de 8 mg/dia para 27 mg/dia, tornando importante o aumento do seu aporte diário.

São fontes alimentares de ferro:

  • O fígado grelhado, o pão integral, o feijão manteiga cozido, o grão de soja cozido, o carapau grelhado, os espinafres, as carnes vermelhas e as carnes brancas, a noz, a amêndoa, a couve, a salsa e as ervilhas.

 

A carência deste nutriente pode levar à prematuridade, a um risco de baixo peso do bebé aquando do nascimento, à mortalidade perinatal e a perturbações na formação e organização neuronial. No entanto, e por outro lado, quando em excesso, este nutriente pode levar a mulher a um estado de stress oxidativo, peroxidação lipídica e hipertensão gestacional, pelo que o acompanhamento permanente é recomendável.

De salientar ainda que a absorção de ferro pode ser potenciada com um aumento do consumo de alimentos ricos em vitamina C (citrinos, kiwi, brócolos).

Iodo

O iodo é o maior componente das hormonas tiroideias e é essencial para as suas funções, como o crescimento, a formação e o desenvolvimento de órgãos e tecidos. É importante também no metabolismo da glucose, das proteínas, dos lípidos. Durante a gravidez o iodo é utilizado para a produção das hormonas tiroideias para o feto, sendo que, apenas a partir da décima segunda semana é que a tiroide do feto começa a produzir hormonas.

O Iodo foi recentemente referido, pela Direção Geral de Saúde, como sendo importante na suplementação em mulheres em preconceção, grávidas ou na fase de amamentação, até ao fim do aleitamento materno exclusivo. Isto deve-se ao facto de existir um aumento das necessidades de iodo na mulher de 150μg/dia (mulher adulta) para 175 μg/dia (grávidas) e, posteriormente, 200 μg/dia (lactante).

A deficiência de iodo pode aumentar o risco de defeitos congênitos, distúrbios neurológicos, aborto espontâneo e mortalidade perinatal. Para contribuir para um aporte normal de iodo, pode incluir na sua alimentação, alimentos como o pescado, as leguminosas, produtos hortícolas, e o leite e outros produtos lácteos. Pode ainda recomendar-se a utilização de sal iodado em detrimento do sal comum.

Ácido Fólico

O ácido fólico, ou Vitamina B9, é uma vitamina hidrossolúvel que possui um papel fundamental em várias reações metabólicas como a biossíntese de DNA e RNA, na metilação da homocisteina em metionina e no metabolismo dos aminoácidos.

O ácido fólico desempenha um papel chave na redução do risco de desenvolvimento de malformações do tubo neural do bebé. Estudos recentes indicam que a sua suplementação reduz o risco de cardiopatia congénita e ajuda no desenvolvimento adequado da placenta. As necessidades de ácido fólico aumenta de 400 μg/dia (mulher adulta) para 600 μg em grávidas e, posteriormente, reduz para 200 μg/dia em lactantes. É recomendado, durante a gravidez, um aumento do consumo de frutos e hortícolas de folha verde, bem como a utilização de cereais integrais (pão integral, massa e arroz integrais) e leguminosas (lentilhas, ervilhas, feijão, grão-de-bico, favas).

 

A suplementação antes e durante a gravidez, aliado a uma alimentação equilibrada, adequada e variada, pode ser fundamental para o desenvolvimento saudável do feto e manutenção de um estado de saúde na mãe. Reforçamos no entanto, que qualquer suplementação deve ser sempre recomendada e prescrita pelo médico.

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Ricardo Ferreira (CP 1815NE )

Equipa Nutrição Instituto 4 Life

 

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