Desde que temos a confirmação da gravidez há um sem número de coisas que pensamos, organizamos, planeamos e imaginamos.

O momento do parto é também ele alvo de muita reflexão, mas muitas vezes achamos que o que tiver de ser, será! Mas será que não há nada que a mulher possa planear, que esteja na sua mão decidir ou negociar?

Ao longo do trabalho de parto e do próprio parto existem cuidados e estratégias múltiplas de alívio do desconforto, de relaxamento ou de aceleração do trabalho de parto que podem ser adotadas ou rejeitadas pela mulher conforme a sua vontade, desde que a saúde e bem-estar materno-fetal estejam assegurados.

No entanto, muitas vezes ao entrarmos no hospital com o nervosismo e com todas as solicitações próprias de um momento tão cheio de emoções, esquecemo-nos de apresentar as nossas ideias e tudo o que até ali se imaginara como o nosso momento! Assim, de modo inevitável as propostas de cuidados dos profissionais acabam por se sobrepor às da mulher.

Mas afinal no que é que consiste um plano de parto? Existem vários moldes de planos de parto, adaptáveis a cada pessoa/família. Podemos encontrar planos de parto já elaborados ou podemos elaborar um plano de raiz.

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O que é que pode estar incluído no plano de parto? Cá vão uns exemplos:

– Escolher o acompanhante que permanecerá junto da mulher em trabalho de parto e no parto (na legislação está previsto que a mulher possa ser acompanhada neste processo, mas a escolha de quem permanece deve ser algo realizado em conjunto e não uma imposição da instituição)

– Poder caminhar ou utilizar a bola de nascimento durante o trabalho de parto (alivia o desconforto e pode ajudar a acelerar o trabalho de parto)

– Poder ir tomar um duche tépido ou molhar a barriga e o f undo das costas (ajuda a aliviar as dores das contrações e a descontrair, o que acelera a dilatação do colo do útero – nem todos os hospitais têm instalações que o permitam!)

– Ouvir música da vossa preferência (algumas instituições dispõem d aparelhos de reprodução de cd, rádio… ou podem levar um telemóvel ou um leitor de mp3 próprio)

– Ingerir líquidos claros, rebuçados ou gelatina durante o trabalho de parto (pode estar contra indicado em algumas situações, mas não custa negociar!)

– Escolher a posição em que vai ter o seu bebé! Há locais que permitem alternativas à posição “tradicional” e que poderão, desde que seja possível e positivo para a mãe e bebé!

– Escolher quem vai cortar o cordão umbilical e se o mesmo vai ser logo cortado ou se pretendem um corte tardio do cordão

– Negociar a realização de contacto pele a pele (o bebé fica ao colo da mãe, logo que nasce)

– Iniciar a amamentação logo que possível, caso seja vontade amamentar, dado que a amamentação iniciada na primeira hora de vida é importante para o sucesso do aleitamento materno

Existem muitos mais questões a negociar com a equipa de saúde, é só uma questão de disporem tempo a pensar nestas temáticas. Estes “pequenos pormenores” podem fazer a diferença nas recordações que vamos guardar destes momentos tão importantes da nossa vida.

O conforto que se sente nesta altura é extremamente importante na nossa perceção futura se as horas que se passaram entre ir para o hospital e segurar o/a vosso(a) filho(a) nos braços pareceu (ou não) uma “hora pequenina”!!!

Levem convosco estas ideias e estejam abertos às propostas dos profissionais… Acima de tudo lembrem-se que são as pessoas mais importantes deste momento e, por tal, as decisões devem passar também por vós!

Artigo escrito por:

Joana Costa
Enfermeira desde 2006
Enfermeira Especialista em saúde materna e obstetrícia desde 2014
Formadora de massagem shantala
Conselheira em Aleitamento materno

Retirado de: http://onossot2.com/2015/12/negociar-o-dia-mais-importante-das-nossas-vidas/

Poderá ainda assistir ao nosso workshop e mais facilmente elaborarem o vosso proprio plano de parto. Consulte aqui.