Durante a gravidez, para além do normal aumento de peso materno, tende a existir um maior ganho de tecido adiposo. A produção de leite materno e a amamentação em si requerem muita energia e recorrem em parte a essas reservas de gordura corporal, pelo que ajudam a recém-mamã no processo de recuperação do peso prévio à gravidez. [1]

 

Os princípios de uma alimentação saudável devem ser aplicados também após o parto, de modo a manter reservas adequadas de energia, vitaminas e minerais que favoreçam a produção e composição nutricional do leite materno e o normal desenvolvimento do bebé. [1,2,3] A amamentação exclusiva até aos 6 meses de idade requer um acréscimo de 330 kcal diárias na dieta materna; já entre os 7 e os 12 meses, a necessidade energética adicional é de 400 kcal por dia. Devido às perdas constantes de líquidos por parte da mãe, é recomendado um acréscimo de 700 mL/dia ao normal aporte hídrico de 2L. As necessidades de vitaminas A, C, E e do complexo B e minerais como o iodo, o selénio e o zinco estão aumentadas. O consumo de peixe e marisco, rico em ácidos gordos ómega 3, está igualmente recomendado na fase de lactação, dados os benefícios aparentes no desenvolvimento cerebral do bebé. Note-se que, o peixe deve ter baixa concentração de mercúrio, a fim de reduzir o risco de o bebé vir a desenvolver alterações no seu sistema nervoso. Assim sendo, a mamã pode optar por ingerir entre camarão, salmão, atum, peixe-gato, entre outros. [1]
Foram avaliados os efeitos da dieta materna com exclusão de produtos alimentares potencialmente alergénicos (laticínios, soja, trigo, amendoim e peixe) durante uma semana, tendo sido encontradas melhorias dos sintomas de cólicas nos bebés. [4] Através da realização de questionários de frequência alimentar e o aparecimento de sintomas de cólicas nos bebés, foi descrita uma associação entre essa condição e o consumo materno de brócolos, repolho, couve-flor, cebola, leite de vaca e chocolate. [5] Apesar dos estudos já feitos, esta é uma temática controversa. Ainda assim, a restrição alimentar parece ser uma atitude demasiado drástica a tomar, podendo prejudicar o aporte de nutrientes necessários à amamentação. O método ‘tentativa e erro’ poderá ser a melhor posição a adotar pela mamã, refletindo sobre a sua dieta, tomando atenção às reações do bebé e ingerindo apenas pequenas porções dos ditos alimentos suspeitos em refeições mais distanciadas temporalmente.
Devem ser tidos em atenção alguns outros cuidados, agora relativos ao consumo de cafeína e álcool e também aos hábitos tabágicos. O consumo de cafeína existente em fontes como o café, o chá, o cacau e os refrigerantes deve ser limitado a 200 mg/dia. [3] Quando ingerida, a cafeína surge na composição do leite materno, podendo provocar hiperatividade e problemas no sono do bebé. [2]


Não existem evidências científicas de que o álcool aumenta a produção de leite materno, pelo que se deve restringir a sua ingestão ao mínimo durante esse período. [2] Já o tabaco pode dificultar o processo de produção de leite materno, bem como, reduzir o teor de vitamina C e lípidos do mesmo, colocando em causa o normal crescimento do bebé. [2, 6]
Um nutricionista poderá avaliar o seu estado nutricional, elaborar um plano alimentar individualizado com base no diagnóstico e fornecer todo o acompanhamento necessário durante o processo de adequação alimentar.
Para saber mais sobre este tema, compareça no workshop «Recuperação do peso após o parto», no dia 21 de Novembro pelas 18h, no Centro Comercial Dolce Vita Tejo. As inscrições são gratuitas e obrigatórias: instituto4life@gmail.com.

Jéssica Lourenço Barreira – CP 1758NE (Ordem dos Nutricionistas)

 

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[1] Mecacci F, Biagioni S, Ottanelli S, Mello G. Nutrition in pregnancy and lactation: how a healthy infant is born. Journal of Pediatric and Neonatal Individualized Medicine [Revista em linha]. 2015 [Citado em 3 de Novembro de 2016]; 4(2):e040236. Disponível na Internet: http://www.jpnim.com/index.php/jpnim/article/viewFile/040236/284

[2] World Health Organization. Healthy eating during pregnancy and breastfeeding. OMS; 2001 [Citado em 3 de Novembro de 2016]. Disponível na Internet: http://www.euro.who.int/__data/assets/pdf_file/0020/120296/E73182.pdf

[3] Direção Geral da Saúde. Alimentação e Nutrição na Gravidez. DGS; 2015 [Citado em 3 de Novembro de 2016]. Disponível na Internet: http://www.alimentacaosaudavel.dgs.pt/activeapp/wp-content/files_mf/1444899925Alimentacaoenutricaonagravidez.pdf

[4] Hill DJ, Roy N, Heine RG, Hosking CS, et al. Effect of a low-allergen maternal diet on colic among breastfed infants: a randomized, controlled trial. Pediatrics [Revista em linha]. 2005 [Citado em 5 de Novembro de 2016]; 116(5):709-15. Disponível na Internet: http://pediatrics.aappublications.org/content/pediatrics/116/5/e709.full.pdf

[5] Lust KD, Brown JE, Thomas W. Maternal intake of cruciferous vegetables and other foods and colic symptoms in exclusively breast-fed infants. Journal of the American Dietetic Association [Revista em linha]. 1996 [Citado em 5 de Novembro de 2016]; 96(1):46-8. Disponível na Internet: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8537569

[6] Baheiraei A, Shamsi A, Khaghani S, Shams S, et al. The effects of maternal passive smoking on maternal milk lipid. Acta Medica Iranica [Revista em linha]. 2014 [Citado em 5 de Novembro de 2016]; 52(4):280-285. Disponível na Internet: http://tums.ac.ir/1394/01/31/milk%20and%20smoking-1-PB.pdf-shamss-2015-04-20-02-01.pdf